No quadro “Defensorar, uma escolha para a vida” desta semana, a ADEP-MS (Associação das Defensoras e Defensores Públicos de Mato Grosso do Sul) convidou a Defensora Pública Ester Quintanilha Nogueira para contar um pouco da sua trajetória profissional, além de saber dela sua opinião sobre a Defensoria Pública, a Associação e o que a motiva a continuar na carreira. Confira abaixo o bate-papo.
1 – Conta para nós sobre o seu processo de entrada na Defensoria Pública. Era algo que sempre almejou como profissão? No que trabalhava antes e como foi a mudança profissional?
R: Minha primeira graduação foi em Pedagogia, licenciatura plena, fiz uma pós graduação em Psicopedagogia e então anos depois fiz curso de Direito, com 2 (duas) pós graduações na área, também ministrei aula em duas Faculdades de Direito. Entretanto, o sonho de ser Defensora Pública jamais foi adormecido. Dessa maneira, após muita luta, desafios, e recomeços nos estudos, fui aprovada no concurso tão almejado no ano de 2015. Sendo que no dia 20 de outubro de 2016, tomei posse na Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.
2 – Há quanto tempo é Defensora Pública? Já passou por quais comarcas e como está sendo essa fase atual da sua vida?
R: Sou defensora pública há 5 anos.
Tomei posse e fui designada para a Comarca de Nioaque, posteriormente, fui designada para a Comarca de Rio Negro, quando então fui promovida para a Comarca de Angélica, e após, pedi remoção para Terenos, comarca elevada a segunda entrância, que me proporcionou concorrer à promoção e após promovida, optar por permanecer em Terenos.
Atualmente, tendo comigo a certeza cada vez mais forte de que fiz a melhor escolha, pois os frutos do trabalho me trazem certeza de que somos agentes de transformação na luta pela concretização de direitos.
3 – Qual o misto de sentimentos ao lidar com o atendimento aos hipossuficientes? Qual sua área de atuação atual na Defensoria Pública e como enxerga a profissão daqui alguns anos?
R: Sentimento de ser agente que atua em favor dos menos favorecidos, pois vejo que se faz necessário o impulso para mudar a realidade em que vivem e a falta de perspectiva dos nossos assistidos. Nos atendimentos tento estimulá-los no que posso, mostrando que são capazes, que é possível sim, ainda que a realidade seja desfavorável.
Eu atualmente, por atuar em comarca de vara única, milito em todas as áreas.
Não só no futuro, mas atualmente a nossa profissão é de relevância para a sociedade e igualmente reconhecida pela população que busca a assistência da Defensoria Pública.
4- Sua atuação profissional muda a sua forma de ver o mundo?
Com certeza, muda em muito, especialmente pela visão do outro como igual, sabendo que precisamos lutar pela efetivação de direitos, diminuindo assim as desigualdades existentes.
5 – Durante todos esses anos na Defensoria Pública, o que mais te chama atenção no órgão?
R: O reconhecimento e confiança que a sociedade tem pela Defensoria Pública. Afinal, essa confiança demonstra o quão é importante a Defensoria Pública para milhões de brasileiros que não têm condições arcar com as custas processuais e nem honorários advocatícios.
6- O que te motiva a continuar na profissão de Defensora Pública?
Primeiro, porque é a realização de um sonho, ser Defensora Pública, segundo, porque os resultados alcançados em prol dos hipossuficientes são muito maiores e melhores que qualquer entrave na caminhada.
7 – Qual a lembrança que mais te marcou como Defensora Pública? Compartilha com a gente um pedacinho de algum fato que lhe aconteceu e nunca esqueceu.
R: São várias experiências, mas citarei uma em especial, ou seja, um pedido de destituição de poder familiar c/c adoção feito por uma assistida que já dedicava cuidados e amor para a adotante há mais de 7 anos. Quando saiu a sentença deferindo o pedido, a assistida foi até a DPE para agradecer, juntamente com a criança, não deu para conter a emoção ao ver a alegria da criança e da mãe.
8 – Como a senhora se define? (suas características fortes)
R: Me defino como uma pessoa leal, com muita força de vontade e determinação, que anseia por fazer a diferença em favor dos menos favorecidos.
9 – A profissão, nesses últimos tempos, tem passado por diversos ataques políticos. Essas situações influenciam sua vontade de permanecer na carreira?
R: Essas lutam me impulsionam a continuar, e lutar contra esses ataques, impedindo assim o enfraquecimento da classe.
10 – A senhora é associada da ADEP-MS há quanto tempo? Sente que a instituição tem dado o seu melhor para atender as Defensoras e Defensores Públicos?
R: Desde a posse, eu me associei e desejo assim permanecer, pois entendo que com uma associação forte e participação de todos, teremos mais força para repelir qualquer tipo de situação em desfavor de nossa classe, afinal, a associação representa os interesses de todos os membros.
Aqui deixo o espaço em aberto caso queira escrever alguma mensagem ou falar de algo que não foi abordado nas perguntas e ache relevante contar.
R: Defensorar é uma escolha para a vida. Na luta, temos que ter o escudo da fé, a persistência e a vontade de vencer, independente das circunstâncias adversas.